Desenho – Desenvolvendo habilidades

Depois de ter sido feita uma forte e substanciosa pesquisa de tema, de onde você tirou sua inspiração e também já terá uma sólida ideia de quem será seu público alvo, tudo irá parecer mais claro e objetivo. Neste momento você já sabe o que quer, já tem todo um trabalho envolvido de pesquisa que serviu como apoio e fonte.
Aqui você chegou, portanto, a parte mais fundamental do desenvolvimento de uma coleção de calçados, a parte de criação propriamente dita. Agora é hora de dar asas a imaginação e começar a criar.

 

É importante ressaltar que nesta etapa de desenvolvimento de criação, existem duas etapas que de certo modo se complementam, que é a parte de cores e materiais (mais adiante terá post só sobre isso). Quando o trabalho é realizado por um designer, que trabalha de modo autoral, sem levar tanto em consideração tendências de cores e materiais, a etapa de desenho/criação ocorre primeiro, para posteriormente serem escolhidos cores e materiais. Já equipes de desenvolvimento de coleção, que trabalham para grandes indústrias, que são regidos pelas tendências globais de cores e materiais. A escolha das cores e materiais ocorre primeiramente. Mas, aguardem, em breve explicarei esta etapa melhor.

Hoje falamos, especialmente e somente, sobre desenvolvimento de modelos através de desenhos, ou seja é a parte chamada de Geração de Alternativas.

Mas, afinal de contas o que isso significa?

Significa que é a etapa onde você irá criar exaustivamente, desenhar e desenhar, é a fase onde de fato sua coleção começará a nascer.

Pense em voltar ao início: olhe para o seu painel tema e para o painel de público alvo, mescle essas informações. Observe tudo que tenha a ver com essas duas etapas anteriores e desenhe. De acordo com o que você descobriu sobre o seu público alvo, essas pessoas gostam mais de sapatilhas? Ou de scarpins? É uma coleção inverno ou verão? Gostam de algo ultra feminino ou ungendered? Você acha mais conveniente desenhar botas ou sandálias? Não se canse de fazer questionamentos…

Leve tudo isso em consideração e comece a desenhar! Não desperdice nenhuma alternativa, de tantas as que fizer durante a geração de alternativas. Isso porque mais para a frente você fará uma seleção entre todas as desenhadas/geradas, para então serem as escolhas finais.

Não tenha receio de ousar neste início, faça coisas mirabolantes, que pensando friamente não existe possibilidade alguma de isso se tornar um calçado “usável”. Porém, é muito provável que deste modelo você possa retirar alguma informação, que será interessante para a sua coleção, pode inclusive ser o seu diferencial.

A parte de geração de alternativas, como você percebeu envolve desenhar arduamente e isso não é uma habilidade comum para todas as pessoas. Desenhar é fruto de esforço, interesse, pesquisa e insistência. Então, não pense que isso seja fácil, que será fácil para as outras pessoas. Mas, pode ser uma ótima oportunidade para você aprender e descobrir um novo talento.

Justamente, por saber que não é algo fácil para todos, nos próximos posts, vou contar dicas de como aprender melhor. Combinado?

Então, não se esqueça semana que vem tem mais! Não perca!

Perdeu os outros posts? Clica aqui: Parte introdutóriaParte 1 e Parte 2.

Público Alvo

Lembra que semana passada comecei a falar sobre a rotina profissional de um designer (ou equipe de designers) de calçados, e como funciona todo o desenvolvimento de uma coleção?
Pois bem, lá eu contei um pouco de como ocorre esta etapa inicial de investigação, de modo bem detalhado. Para que posteriormente aconteça uma espécie de “filtragem”, onde você vai buscar separar o joio do trigo, entenda assim que, tudo que você pesquisou foi importante. Porém, é necessário neste momento ir, desde já, afunilando o caminho, criando uma unidade visual para  aquilo que pesquisou.
Portanto, imagine que já fez toda essa etapa de pesquisa, com isso já tem um painel de inspirações (como a imagem a seguir) e referências bem formatado.

Pense que foi você ou junto com sua equipe quem iniciou toda essa jornada, portanto vocês estão por dentro das informações que apreenderam à exaustão, o painel de referências é o resultado. Este começará a ser, a partir daqui, o caminho que te norteará durante todo o desenvolvimento da coleção e dos produtos.

Finalizada essa primeira etapa, com seu mural pronto, é hora de começar a pesquisar a etapa seguinte, o público alvo.

PÚBLICO ALVO: Esta segunda etapa consiste em pesquisar quem será seu público, quem você buscará atingir. Ou seja, seus calçados estão sendo pensados para que tipo de pessoas? Meninas, adolescentes, jovens mulheres, mulheres com uma personalidade mais sexy, senhoras que prezam por um calçado com conforto? Quem será seu público? Tente pensar quem são essas mulheres, como elas se comportam e o que elas fazem.

É claro que pensando no comportamento atual das pessoas em geral, muitas vezes é impossível definir um único estilo para uma única mulher. Mas é importante mostrar uma unidade visual na sua coleção que terá coerência com o estilo que determinadas mulheres gostariam de ter aos seus pés.

Exemplo: Que tal pensar em jovens mulheres? Um painel de público alvo com mulheres que gostam do estilo normcore?

Essa pode ser uma ideia de público para o desenvolvimento de seus calçados. Perceba ainda, que de alguma maneira o perfil destas jovens tem a ver com o painel de inspiração.

Agora pesquise quem são elas, conte uma provável história sobre elas, como se vestem, o que fazem, suas preferências fashions, o que achar pertinente e necessário. Tudo isso só irá acrescentar ao seu trabalho.

Viram só? E então começa a ser, aos poucos, criada e desenvolvida uma coleção de calçados.

Semana que vem continuamos …

Leia neste post sobre o desenvolvimento de painel de inspiração em detalhes.

A rotina profissional de um designer de calçados ou de uma equipe de desenvolvimento de coleção de calçados, pode ser variável em relação as etapas aqui citadas, como comentei no post anterior. Mas, é importante ressaltar que de alguma maneira há uma metodologia praticada pelos profissionais, como rotina de trabalho.

Planejamento e desenvolvimento de uma coleção de calçados – Como tudo começa?

A partir de hoje começa a ser explicado neste espaço (das quartas feiras) como é feito para serem desenvolvidos estes produtos tão incríveis que calçam os pés do mundo. Antes de começar vale ressaltar, o que já tinha sido comentado no post anterior, apenas reforço hoje; tudo será explicado de modo generalizado, portanto podem ocorrer variações.
Da ideia até o calçado prontinho ir para as vitrines da vida, há um caminho imenso, cheio de detalhes, todos fundamentais.
O ponto de partida é a inspiração, a primeira ideia de onde todos os próximos passos irão seguir. Essa ideia pode ser uma imagem, uma viagem, um tema, uma comida, um cheiro, os desenhos gráficos da louça da sua mãe, qualquer coisa.
A coleção começa a ser planejada e desenvolvida com um tempo razoável de antecedência e por isso nesta etapa inicial ocorre uma pesquisa bastante ampla sobre o tema da coleção. É a parte mais criativa, mais permissiva e agradável.

Instagram Di Gaia Official

Este começo você deve ter a mente aberta a tudo, mas pense que, posteriormente, toda a “história” da coleção, desde a inspiração até o produto final devem formar uma unidade visual, tudo deverá dialogar entre si.
Durante toda a pesquisa e escolha do tema passará por uma espécie de filtro, trazendo assim novas coisas a serem investigadas e exploradas.
Buscar pela inspiração é algo relativo, para algumas pessoas pode ser super tranquilo, mas para outras é algo que requer cuidado e atenção. Mas, a dica é: seja naturalmente curioso! Saiba olhar para tudo de modo amplo, veja possibilidades onde talvez nem sempre seja fácil de enxergar. Pesquise, pesquise e pesquise. Onde? Em sites, revistas, livros, redes sociais, na rua, no shopping, no museu, em um café, em uma viagem, ou seja, tudo é fonte e deve ser bebida.
Escolheu o tema? Pois bem, daqui surgirá toda a inspiração para você dissecar seu tema, explorar ao máximo e encontrar sua inspiração. O tema deve ser amplo, para que você possa enxergar possibilidades. O que quero dizer com isso? É que não seja extremamente focado em uma coisa só, por exemplo, tema “pluma” pode ser segmentado demais, entretanto falar sobre a história de um voo, provavelmente inspirado em um filme ou livro te auxiliará a chegar na pluma como parte da pesquisa (CHOKLAT: 2012).

Monte um painel, faça um moodboard ou sketchbook. Tudo que encontrar e achar que pode ser útil vá arquivando em um mesmo espaço/local, pode ser imagem, pedaço de papel, tecido, enfeite, enfim qualquer coisa, isso te ajudará mais tarde.

Teve uma ideia? Então sabe aquele desenho infantil de sol? Um círculo com vários traços ao redor? Faça exatamente isso, escreva uma palavra (ou encontre uma imagem) e dali vá criando “braços” que podem ser extremamente válidos para sua coleção, cada traço é um novo rumo para sua pesquisa. Pense em tudo até esgotar!
A inspiração pode vir de diversas origens, como já comentei acima, mas pense que tirar ideia de algo tem tudo a ver com ser curioso, deixar seus pensamentos voarem livremente, não seja repressor com suas ideias.
Pense em temas que você não conhece ou pouco sabe, ali podem morar fontes valiosas para um novo universo, a inspiração virá à tona com curiosidade da novidade.
Por hoje é só? Ficou com dúvidas?
Deixe nos comentários.
Semana que vem continua …

Rotina Profissional de um Designer de Calçados

Vem cá!
Chega mais!
Você sabe como ocorre todo o processo de criação e produção de um calçado?
Sabe como é a rotina profissional de um designer de calçado?
Ok! Todo mundo sabe um pouco, ou ao menos imagina como é, não é verdade?!
Pois bem, a partir deste post das quartas feiras, neste espaço o tema de criação e desenvolvimento deste tão importante acessório/artefato será esmiuçado, da melhor forma possível e detalhado parte a parte. Para você leitor (a) poder entender, aprender e descobrir mais sobre este fabuloso universo dos calçado.
Combinado? Então, fica ligadinha (o)!

Antes de iniciarem as explicações de todas as etapas, apenas alguns esclarecimentos: os trabalhos e metodologias de trabalho de designers e da indústrias calçadistas são coisas diferentes.

As indústrias de calçados trabalham com equipes de designers e produzem, muitas vezes, para a grande massa, o que propicia preços menores, seguem as tendências de mercado, levam em consideração a estação do ano para as coleções. Já designers que trabalham de forma autônoma, muitas vezes, produzem os calçados quase que de forma artesanal, por isso, os preços são mais elevados, e suas coleções resultam em produtos autorais, que por vezes, não seguem tanto os padrões comuns e correntes.

Portanto a maneira de criação e desenvolvimento deste produto irá variar.

Mas, o objetivo aqui é tentar apresentar e esclarecer você de como acontece toda essa parte.

Fique atenta, toda quarta aparecerá um post sobre a rotina e o trabalho de designers de calçados. Na semana que vem: onde tudo começa? Qual o ponto de partida?

Aguarde que você verá, ok?!

Até lá!

Passo a passo: Processo produtivo

Vem conhecer o processo de fabricação de calçado, passo a passo, de modo bem didático e objetivo. No vídeo é possível compreender as etapas e observar também a importância do trabalho artesanal, que por mais que a industria disponha de certa tecnologia, ainda sim, faz-se necessário o “labor” de quem compreende o desenvolvimento destes produtos.

Veja neste vídeo como tudo isso é interessante!

Como se fabrica uma bota?

Continuando a série de post (1 2) sobre todo o processo de montagem e fabricação que nas semanas anteriores estávamos tratando aqui: hoje o que se mostra é como é fabricada e montado uma bota, desde o corte do material que vai ser usado, na modelagem, passando pelo processo da forma, detalhes e acabamentos. 

Durante o vídeo procure perceber como são várias as etapas que um calçado como este passa até ser finalizado, acabamentos internos e externos, como colocação de salto, solado, fivelas etc.

Preparação e modelagem

Continuando o processo de fabricação de um calçado, lembram que semana passada tinha começado? Nesse post?
Pois então, aqui é a fase de preparação dos materiais para então serem modelados, acabamentos ou detalhes em algumas tiras, chanfrados em peças para a montagem das peças no cabedal, na forma para ganhar o formato.

Semana que vem tem a continuação deste post, fique atenta!

Teste de Modelagem

Não é a primeira vez que fala-se neste espaço sobre os processos de fabricação dos calçados, mas sempre é valido recontar, e quanto mais estiver em linguagem coloquial melhor, né gente?!

Pois bem, esta é uma série, que estará nos 2 próximos posts também.

Fique atento, porque ele é muito interessante, ilustrativo, tudo é muito claro e explicadinho.

Nesta fase é demonstrado como começa a produção de um calçado, o teste e modelagem, após a criação do desenho. Assista para poder compreender melhor!

Processo produtivo

A Tabita é uma marca gaúcha de calçados que existe desde os anos 70, com um estilo super contemporâneo dos calçados e mostram, cada vez mais, uma preocupação em aliar conforto e design moderno aos produtos.

Neste vídeo é possível aprender um pouquinho sobre o processo de produção, do começo ao fim, passando pela fase criativa, modelagem até o controle de qualidade. É super rapidinho e vale a pena conhecer!

O passo a passo da sapatilha

O tema do dia é a sapatilha, especialmente falando de como é a sua montagem.
As sapatilha, de maneira geral, na modelagem tradicional, sem muitos recortes, ela tem um processo de fabricação bastante semelhante ao scarpin.

A semelhança com o scarpin, vem de suas peças, excetuando o uso do salto alo. É importante destacar que, hoje existe uma variedade grande e portanto, há modelagem e recortes mais trabalhados neste calçado, tendo o cabedal muitas vezes divididos em 2 ou mais peças. Mas, aqui será ressaltada a sapatilha tradicional, para que mais tarde possamos compreender melhor o restante dos calçados. Resumindo vamos conhecer o mais fácil pra então ir para o mais difícil!

Então vamos lá!

Observe uma sapatilha vista de lado:

Você perceberá que externamente ela é composta de cabedal (o corpo do calçado, a parte que reveste todo o calçado) e o solado, que pode ser de couro, borracha entre outros.

Internamente ela recebe um reforço no cabedal para dar maior sustentação, rigidez, principalmente no calcanhar (vai o contraforte) e na parte dianteira do pé (biqueira interna), há também um revestimento de borracha para ser mais confortável. Tudo isso, corresponde popularmente ao que chamamos de forro, ainda na parte plantar do pé vai uma palmilha interna, calcanheira e entressola.

Estas são as principais partes de uma sapatilha, mas naturalmente tudo isso precisa ser unido por meio de colagem e costuras.

E depois de tudo isso, unido… “Voilà!!!” Prontinho!!